A EXPOPROJEÇÃO 1973-2013 apresenta um panorama da produção de filmes e vídeos de artistas, realizados no contexto da arte contemporânea brasileira. Sob uma perspectiva histórica, exibe o trabalho de 47 artistas interessados na elaboração experimental destes meios de expressão.
O ponto de partida para esta retrospectiva foi a célebre mostra EXPOPROJEÇÃO 73, organizada por Aracy Amaral, na sede do GRIFE [Grupo de Realizadores Independentes de Filmes Experimentais], apresentando naquele ano trabalhos realizados em novas mídias - audiovisuais com slides, filmes em super-8 e 16 mm, além de obras sonoras. Esta exposição foi a primeira iniciativa curatorial a reunir esta produção, ainda desconhecida no país, traduzindo através de imagens e sons, a multiplicidade temática e estética daquela cena cultural.
Os primeiros anos da década de 1970, foram marcados por um regime ditatorial que limitava a liberdade de expressão, restringindo os meios de difusão artística a uma circunstância cada vez mais alternativa e marginal. Neste sentido, a EXPOPROJEÇÃO 73 pode ser entendida também como um ato de manifestação político-cultural por perceber na originalidade destas produções, o frescor de sua criatividade embrionária e transgressora, em pleno estado de exceção. A improvisação, a despreocupação com a ”construção” entendida como estruturação intelectual do trabalho, cedendo lugar a uma criatividade livre e descompromissada - talvez hoje não mais existente mesmo entre os jovens criadores - são destaques que podemos observar em muitas destas produções.
Para a EXPOPROJEÇÃO 1973-2013 foi reunido um número significativo das obras apresentadas na edição de 1973, resultado de um esforço de pesquisa, implicando, em muitos casos, no restauro e remasterização das obras. Além disso, o público tem acesso a parte do arquivo pessoal da historiadora Aracy Amaral, com dezenas de cartas e bilhetes. Uma rica documentação que atesta, através do diálogos entre a curadora e os artistas, a acuidade na procura do material audiovisual que se produzia na época.
A exposição se completa com uma antologia de trabalhos experimentais produzidos no decorrer das décadas seguintes. São filmeinstalações, videoinstalações e vídeos em single channel, compondo um recorte de 17 obras. Se supomos a EXPOPROJEÇÃO 73 como um vetor desta produção, estes anos seguintes, que se estendem até os dias de hoje, revelam ramos estilísticos que definem as principais características do fazer criativo no audiovisual brasileiro: a poética das imagens; o corpo como ferramenta de experimentação; narrativas abertas e não-lineares; pesquisa com a forma e a tecnologia – citando algumas das características possíveis de se observar nas obras apresentadas nesta exposição.
A EXPOPROJEÇÃO 1973 -2013 possibilita, assim, uma apreciação específica sobre os primeiros gestos criativos com a linguagem audiovisual experimental, no período embrionário da arte contemporânea brasileira, em paralelo a uma compreensão do que transcorreu nas décadas seguintes, com os artistas que expandiram este campo de especulações com a imagem em movimento.